Ao longo da história da arquitetura, instalações efêmeras e pavilhões temporários têm se mostrado estruturas tão importantes quanto edifícios concebidos sem uma data de validade precisa. Estruturas leves, provisórias, recicláveis e fugazes, os pavilhões se tornaram uma importante ferramenta para se falar de arquitetura, extraordinários exemplos que materializam — ainda que por um pequeno intervalo de tempo — o espírito do seu tempo. Transcendendo a sua própria transitoriedade, algumas destas estruturas foram trazidas de volta à vida devido ao seu inestimável valor arquitetônico, como é o caso do famoso Pavilhão Barcelona concebido por Ludwig Mies van der Rohe e Lilly Reich durante a Exposição Internacional de Barcelona em 1929. Entretanto, a maioria destes protótipos permanecem apenas em sua imagens e fotografias, plantas e na experiência do espaço que felizmente, é tão arraigada à arquitetura quanto a sua própria materialidade concreta.
Estabelecidos em um território que transita entre a arte e arquitetura, pavilhões temporários são um reflexo da nossa sociedade e do nosso tempo. Manifestos construídos e cada vez mais explorados por arquitetos e arquitetas do mundo todo como um exercício de análise e reflexão sobre a própria condição da arquitetura contemporânea. Entretanto, projetar e construir estruturas efêmeras hoje em dia requer muita responsabilidade: quais materiais utilizar e de que forma empregá-los de modo a promover uma maior conscientização à respeito da importância da reciclagem de materiais na construção civil.
Nesta compilação de projetos que você verá a seguir, apresentamos uma série de “exercícios arquitetônicos” que re-interpretam a linguagem cíclica da aquitetura de diferentes maneiras, como é o caso do pavilhão “Mirilla”, construído com uma série de portas reutilizadas — coletadas em diferentes comunidades da Cidade do México— de forma a criar um espaço de diálogo e reflexão. Outros exemplos reutilizam garrafas plásticas e cadeiras em suas estruturas, dando forma a uma arquitetura consciente e experiências espaciais inovadoras.
Pavilhão Upcycling / BNKR Arquitectura
“Inspirados no movimento de Upcycling, que consiste em converter lixo e produtos em desuso em novos materiais ou produtos de uma melhor qualidade ou ainda com um melhor valor ambiental, concebemos um pavilhão construído exclusivamente com caixas de refrigerante empilhadas umas sobre as outras.”
Pavilhão de Tetrabriks / CUAC Arquitectura + Sugarplatform
“Pelo motivo do Dia Internacional da Reciclagem, o Departamento de Meio ambiente do Governo de Granada e a empresa de recolhimento de resíduos (RESUR) uniram-se para a difusão e a conscientização da reciclagem de uma particular embalagem, a caixa de leite comum, o Tetrabrik. Assim, investigou-se as possibilidades construtiva deste elemento tão singular. O resultado foi um pavilhão construído com mais de 45.000 peças recicladas de mais de 100 colégios da província de Granada, que bateria o Recorde Mundial na Categoria de Maior Construção com Material Reciclado do Mundo.”
Pavilhão Sealight / Universidad de Monash + Rintala Eggertsson, Grimshaw e Felicetti
“Projetado pelo Departamento de Arquitetura da Universidade de Monash em colaboração com Rintala Eggertsson, Grimshaw y Felicetti, o Pavilhão “Sealight” foi construído em madeira recuperada ao longo de um período de 14 semanas no final de 2011. Desde então, o pavilhão se transformou no cartão postal no bairro, oferecendo uma espaço de escala humana e íntima além de proporcionar uma oportunidade para que os visitantes experimentem os fenômenos naturais locais como o mar, o céu e a luz de uma forma completamente nova.”
Pavilhão de Pallets Reciclados / Avatar Architettura
“Avatar Architettura é um escritório multidisciplinar de arquitetura e desenho industrial fundado na Itália em 2001 por Nicola Santini e Pier Paolo Taddei. Seu pavilhão de pallets reciclados é uma estrutura temporária que atua como um espaço de arte versátil. Pode abrigar diferentes tipos de eventos e oferece uma ampla diversidade de formas de produção.”
'Head in the Clouds' / STUDIOKCA
“O pavilhão é uma estrutura em forma de nuvem que busca criar um espaço os sonhadores da "cidade dos sonhos" possam sonhar; um lugar onde pode-se colocar a cabeça (e corpo) nas nuvens e sonhar com a cidade dos sonhos. Durante vários meses o STUDIOKCA coletou garrafas recicláveis de escolas, escritórios, lojas e pessoas em toda a cidade de Nova Iorque; as garrafas foram, então, reutilizadas para construir o pavilhão com o auxílio de mais de 200 voluntários. O projeto foi, em parte, financiado por uma campanha no Kickstarter.”
Rising Moon / Daydreamers Design
Rising Moon é o nome do pavilhão temporário construído pelo estúdio Daydreamers Design para o Festival Hong Kong Mid-Autumn 2013, no Parque Victoria. Esta estrutura semi esférica é composta por 7 mil garrafas de plástico iluminadas com LED e conta com efeitos sonoros e luminosos. Ela causa um impacto visual externo que procura reinterpretar as tradições chinesas através de uma "lua sintética", promovendo, assim, uma mensagem de proteção ao meio ambiente.
Pavilhão Vanke na Exposição Mundial de Horticultura de Tsingdao / Slow Architecture
“Quatro coberturas em formato de hiperboloide são suportadas por colunas e vigas de madeira, apresentando a beleza tectônica da construção em madeira e um aspecto muito leve. Algumas das paredes são feitas por troços de madeira de demolição para potencializar o sentido do tato ao fazer o pleno uso do material.”
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Pavilhão temporário para o Festival de Artes Walk&Talk 2019 / GA estudio + ArtWorks
“Dando continuidade ao desenvolvimento de estruturas leves, este pavilhão foi construído a partir de elementos reciclados de outros projetos similares, como o Pavilhão Helio (Portugal / Espanha, 2018), a Torre Aérea (itinerante, 2017), o Still Cabanon (Portugal, 2018) e o Tanque Flexível (Chile , 2019). O contrato de projeto solicitava a construção de estrutura efêmera como o palco central para o Festival de Arte Walk&Talk de 2019, um pavilhão apto a receber shows, performances ao vivo e palestras.”
Mirilla, mira más allá / Faculdade de Arquitetura da Universidade Autônoma do México UNAM
“O objetivo da equipe de arquitetos da Universidade Autônoma do México, responsável pelo projeto do pavilhão Mirilla, mira más allá, era construir um espaço de reflexão e profundamente enraizado em seu contexto especifico. Uma estrutura convidativa, uma porta aberta para que as pessoas possam entrar e reconhecer os limites que as cercam — não só físicos mas sociais, políticos e econômicos — e como estes afetam o espaço da cidade. A porta é o elemento fundamental deste pavilhão, pois consideramos que, como um olho mágico, ela evoca a possibilidade de transposição de barreiras. Outro aspecto relevante do conceito deste projeto foi o gerenciamento necessário para mapear e transportar diferentes portas de distintas zonas da Cidade do México. Isso só foi possível através do envolvimento dos alunos do curso de arquitetura da UNAM, os quais saíam pelas ruas de seus bairros em busca dos materiais que compõe o nosso pavilhão, estabelecendo um diálogo direto entre a universidade e a comunidade.”
Pavilhão COMEX / graciastudio
“A instalação é forma com base numa estrutura delgada de metal pré-fabricada e autoportante. Funciona como uma planta arquitetônica circular cujo diâmetro é de sete metros. Esta estrutura é concebida através de dez módulos, onde cada um desses abriga um painel de material reciclado de produtos da marca COMEX em seu exterior e superfície refletora em seu interior.”
Como CODA utilizou centenas de cadeiras plásticas brancas para construir um pavilhão reciclável
“Neste exercício excepcionalmente imaginativo e estimulante sobre mudanças de percepção, CODA, baseado em Ithaca e Brooklyn, transformou centenas de cadeiras plásticas simples em um projeto no Arts Quad da Universidade de Cornell. Visto de longe como uma entidade singular espetada, um olhar mais de perto revela o módulo repetido simples e despretensioso. CODA explica que “as características do objeto não são mais compreendidas em termos de uso (pernas, braços, assento), mas em termos de forma (espigas, curvas, vazios), pois, devido à sua rotação do solo, elas perdem a relação com o corpo humano”.”
Izaskun Chinchilla inaugura ‘Organic Growth’, pavilhão reciclado e financiado via Kickstarter
“Através de uma campanha de arrecadação de fundos via Kickstarter, a arquiteta espanhola Izaskun Chinchilla pôde transformar sua ideia em realidade, um pavilhão efêmero construído com guarda-chuvas, tripés fotográficos e rodas de bicicleta. Instalado com o apoio de amigos e voluntários, o pavilhão “Organic Gowth”, como o próprio nome já diz, está fundamentado em duas idéias muito simples: incorporar princípios arquitetônicos e estruturais da morfologia das plantas e organismos vivos e reaproveitar materiais reciclados.”
Pavilhão ‘Refúgio 2018’ / Fernanda Canales + Claudia Rodríguez
“O Pavilhão ‘Refúgio’ é um lugar para chamar de seu, é um lugar para se chamar de casa. Jardins são exatamente isso, uma extensão do espaço doméstico. Concebido em parceria entre Fernanda Canales e Claudia Rodríguez, o Refúgio foi construído a partir de materiais reciclados do seu pavilhão precedente, a instalação inaugural do FYJA de 2017. Em sua segunda edição, o pavilhão foi construído em outro lugar, convidando os participantes a explorarem a floresta mais a fundo, proporcionando ainda novas oportunidades de uso e apropriação do espaço criado.”
Pavilhão de papel reciclado para o Festival Coachella 2015, por Ball-Nogues Studio
“O “Pavilhão Pulp” é uma estrutura leve e auto-portante construída em papel reciclado, água e tinta pulverizada sobre uma trama de material orgânico. Utilizado como um refúgio temporário durante o festival Coachella de 2015, o pavilhão foi inteiramente reciclado ao término do evento.”
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